Adaptado de El País, MARIANO ZAFRA, JAVIER SALAS. 28 OCT 2020.
A covid-19 é transmitida pelo ar, sobretudo em espaços fechados. Não é tão infecciosa quanto o sarampo, mas, num ambiente com seis pessoas, uma delas infectadas, independentemente da distância, se o grupo passasse quatro horas sem máscaras nem ventilação e falasse em voz alta, outras cinco pessoas seriam contagiadas. Caso as máscaras fossem usadas, o risco diminuiria para quatro infecções. As máscaras por si sós não evitam os contágios se a exposição for muito prolongada. O perigo de infecção cai para menos de uma pessoa contagiada quando o grupo usa máscaras, reduz a duração do encontro pela metade e ventila o ambiente.
Cenário 1: reunião social numa sala de estar de 20 m2 com seis pessoas, uma delas contaminada, ninguém usando máscara.
Cenário 2: reunião social numa sala de estar de 20 m2 com seis pessoas, uma delas contaminada, todos usando máscara.
Cenário 3: reunião social numa sala de estar de 20 m2 com seis pessoas, uma delas contaminada, todos usando máscara, reduzem o tempo de exposição e ventilam o ambiente.
Um bar ou restaurante: os contágios em eventos, lojas e estabelecimentos como bares e restaurantes são uma parte importante das transmissões do âmbito social. E são os mais explosivos: cada surto numa discoteca envolve em média 27 pessoas infectadas, contra apenas 6 contágios em reuniões familiares como a mostrada no princípio. Neste bar, a capacidade foi reduzida pela metade, com 15 pessoas consumindo e três funcionários. As portas estão fechadas e não há ventilação mecânica. No pior dos casos, sem tomar nenhuma medida, após quatro horas 14 clientes são infectados. Se eles usassem máscaras de forma permanente, essa probabilidade cairia para até 8 contágios. Com a ventilação do bar, o que pode ser feito com bons equipamentos de ar condicionado, e se os clientes passassem menos tempo ali, a probabilidade de contágio cairia para até uma única pessoa.
Cenário 4: um bar de 55 m2 com capacidade reduzida, uma pessoa contaminada, ninguém usando máscara.
Cenário 5: um bar de 55 m2 com capacidade reduzida, uma pessoa contaminada, todos usando máscaras.
Cenário 6: um bar de 55 m2 com capacidade reduzida, uma pessoa contaminada, todos usando máscaras, reduzem o tempo e ventilam o ambiente.
O colégio: a situação mais perigosa aconteceria numa sala de aula sem ventilação onde a pessoa infectada fosse o professor (paciente 0). Se os estudantes passassem duas horas de aula com um professor doente, sem nenhuma medida contra os aerossóis, a probabilidade de contágio alcançaria até 12 alunos. Se todos usassem máscaras, apenas 5 poderiam se infectar. Em transmissões reais, observou-se que a distribuição dos contágios é aleatória, já que os aerossóis se acumulam e se distribuem por toda a sala sem ventilação. Se além disso a sala fosse ventilada durante a aula e a atividade fosse interrompida após uma hora para renovar completamente o ar, o risco cairia drasticamente.
Cenário 7: uma sala de aula de 54 m2 com 24 alunos, uma pessoa contaminada, ninguém usando máscara.
Cenário 8: uma sala de aula de 54 m2 com 24 alunos, uma pessoa contaminada, todos usando máscaras.
Cenário 9: uma sala de aula de 54 m2 com 24 alunos, uma pessoa contaminada, todos usando máscaras, reduzem o tempo e ventilam o ambiente.
Cálculos e simulações: Jose-Luis Jimenez, Universidade do Colorado (EUA). jose.jimenez@colorado.edu. https://cires.colorado.edu/news/covid-19-airborne-transmission-tool-available.
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