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Nota Técnica de recomendações sobre Monkeypox no Ciclo Gravídico-puerperal

NOTA TÉCNICA Nº 46/2022-CGPAM/DSMI/SAPS/MS

INTRODUÇÃO

2.1. No início de maio de 2022, um surto de Monkeypox foi identi fi cado, com acometi mentoem indivíduos de diversos países. Em 21 de maio de 2022, a OMS declarou a existência de um surtoglobal emergente de infecção pelo vírus Monkeypox (MPXV), com transmissão comunitária documentadaentre pessoas que ti veram contato com casos sintomáti cos, em países não endêmicos.

2.2. Um total de 16.836 casos confi rmados foram relatados em todo o mundo, com rápidoaumento desses números, segundo a últi ma atualização do Centro de Controle e Prevenção de Doenças(CDC) em 20 de julho de 2022. São 74 países com infecção por MPXV confi rmada, sendo que 68 delesnunca ti nham reportado esta doença anteriormente. No Brasil, já foram confi rmados cerca de 868 casosaté a data de 26/07/2022 (1).

2.3. O Ministério da Saúde instalou, em 23 de maio, a Sala de Situação que monitora asnoti fi cações de casos de Monkeypox no Brasil e no mundo, além de investi gar e elaborar documentostécnicos para o fomento de ações públicas. A Sala de Situação tem atuado na padronização dasinformações e na orientação dos fl uxos de noti fi cação e investi gação para as Secretarias de SaúdeEstaduais, Municipais e do Distrito Federal, bem como para os Laboratórios Centrais e de Referência deSaúde Pública.

2.4. Por meio deste grupo de trabalho, apresenta-se esta Nota Técnica de recomendaçõesfrente à MPX em gestantes, puérperas e lactantes, considerando o risco de aparecimento de casos nestegrupo populacional.

2.4.1. Ressalta-se que, por ser uma doença nova, a infecção por MPXV tem muitos dos seusaspectos desconhecidos, ainda que estejam sendo estudados intensamente para uma melhor assistênciaà população. Deste modo, este documento está sujeito a ajustes decorrentes da sua uti lização práti ca edas modifi cações do cenário epidemiológico, podendo sofrer alterações conforme novos conhecimentosacerca da doença forem divulgados.

2.5. O Monkeypox é uma doença zoonóti ca causada por vírus, sendo este classifi cado pelo Internati onal Committ ee on Taxonomy of Viruses (ICTV) como pertencente à família Poxviridae, gêneroOrthopoxvirus e espécie Monkeypoxvírus (2). Esta família viral possui como material genéti co uma duplafi ta linear de DNA, codifi cando em seu genoma as proteínas necessárias para replicação, transcrição,montagem e liberação viral. Um envelope lipoproteico circunda estes vírus que apresentam um formatoovalado, com medidas entre 200 a 400 nm. A família Poxviridae, também inclui varíola, varíola bovina(CPX) e vírus vaccínia.

2.6. O vírus MPX foi assim nomeado após ter sido primeiramente descoberto em macacos delaboratório em 1958. Possui duas cepas diferentes, uma da África Ocidental (AO) e outra da Bacia doCongo (BC). Historicamente, a cepa BC parece ser mais virulenta, com taxa de letalidade variando de 1% a 10% (3,5,6), enquanto a cepa AO está associada à mortalidade geral mais baixa com índice entre 1,4 a 3%(3,5).

2.7. As lesões cutâneas do MPXV assemelham-se às erupções da varíola, podendo ter aspectoparecido a outras doenças infecciosas mais comuns, como as erupções observadas na sífi lis secundária,infecção por herpes simples e infecção pelo vírus varicela-zoster(6).

2.8. Em países endêmicos, a erupção cutânea assemelha-se à varíola, entretanto casosrelatados no atual cenário apresentam sinais e sintomas variados: cerca de 30% não apresentam rash sistêmico e cerca de 11% não apresentam nenhuma erupção cutânea, segundo a OMS.

2.9. Os casos iniciais foram associados a viagens, no entanto, atualmente, já tem sidoconstatada a presença de transmissão local. O contato pele a pele próximo e prolongado, inclusivedurante a ati vidade sexual, parece ser o principal meio de transmissão. Apesar do risco de transmissãogeneralizada permanecer baixo, a rápida identi fi cação e o isolamento dos indivíduos afetados sãofundamentais para evitar transmissão adicional (7).

2.10. Os casos, até o momento, foram descritos principalmente em homens e nos que mantemcontato ínti mo com múlti plos parceiros. Pequeno número de casos foi referido como sendo devido acontato com fômites.

2.11. Existem dados muito limitados sobre a infecção por varíola durante a gestação. Isto sedeve, principalmente, aos desafi os socioeconômicos e confl itos civis em muitos dos países onde a doençaé endêmica, repercuti ndo em poucos relatos referentes à gestação na literatura médica. Entretanto, temsido verifi cado que a infecção pelo MPXV pode levar a resultados adversos, como óbito fetal eabortamento espontâneo (5,8). A associação entre a gravidade da doença materna e esses desfechos nãoé clara (8,9). Além disso, ainda persistem preocupações específi cas ao período gravídico, como avitalidade fetal, possibilidade de transmissão verti cal e o desfecho materno-fetal propriamente dito. EPIDEMIOLOGIA

3.1. O MPXV, apesar do nome, tem como principal hospedeiro os roedores, porém, seureservatório natural permanece ainda desconhecido. Por ser uma doença que é transmiti da de animaispara humanos, é classifi cada como zoonose. Ressalta-se, entretanto, que apesar de classicamente serconsiderada uma zoonose, atualmente, aventa-se a possibilidade de mutações que elevariam atransmissibilidade entre humanos e, no últi mo documento da OMS, a sigla MPXV foi alterada parahMPXV (humano). A transmissão entre humanos é considerada secundária nos países endêmicos. Éinteressante observar que nenhum caso diagnosti cado neste ano, em países não endêmicos, teve contatoconfi rmado com animais.

3.2. O primeiro caso humano foi registrado em 1970 em uma criança no Congo e, desde então,tornou-se endêmica na África Ocidental e Central. A maioria dos casos foram relatados na RepúblicaDemocráti ca do Congo, onde milhares de casos ocorrem anualmente (10).

3.3. Importante ressaltar que a varíola era uma doença frequente que foi erradicada pelavacinação mundial. O últi mo caso natural de doença foi documentado na Somália em 1977. Após esseperíodo, a vacina contra a varíola foi desconti nuada e, por esta razão, uma signifi cati va proteção cruzadaque ela oferecia contra a MPXV foi perdida.

3.4. Em 2017, um grande surto de hMPX começou na Nigéria e permanece até os dias dehoje. Pessoas infectadas cruzaram as fronteiras transportando o vírus para vários países (3,11). Emrelação a casos fora do conti nente africano, os primeiros registros foram no ano de 2003, sendoreportados 47 casos confi rmados e prováveis nos Estados Unidos, além de casos posteriores no ReinoUnido, Israel e Singapura (12).

3.5. A parti r de maio de 2022, casos de Monkeypox foram progressivamente registrados emdiversos países da Europa, América do Norte, América do Sul, África, Ásia e Oceania, ou seja, tanto emlocais onde a doença é endêmica quanto em locais não endêmicos.

3.6. A maioria dos casos confi rmados referem histórico de viagens para países da Europa e daAmérica do Norte, ao invés da África Ocidental ou Central, onde o vírus é endêmico.

3.7. No Brasil, até o momento, há registro de cerca de 868 casos presentes em 14 estados,sendo a maioria no estado de São Paulo. DIAGNÓSTICO CLÍNICO

4.1. O diagnósti co de infecção pelo MPX pode ser feito pela anamnese e achados clínicos, comdestaque à identi fi cação de vínculo epidemiológico, conforme a defi nição de caso suspeito.

4.2. O período de incubação é geralmente de 6 a 13 dias, podendo variar de 5 a 21 dias,seguido de período prodrômico, quando se manifestam febre, sudorese, cefaleia, mialgia e fadiga. Cercade 1 a 3 dias após a febre, aparece a erupção cutânea, que habitualmente afeta o rosto e asextremidades. Esta lesão evolui de máculas para pápulas, vesículas, pústulas e, posteriormente, crostas. Aerupção cutânea disseminada é centrífuga (11). A presença de linfadenopati a é uma importantecaracterísti ca da doença.

Leia a nota na íntegra:

Fonte: Ministério da Saúde

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