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Microbiologia clínica para o controle de infecção relacionada à assistência à saúde

Módulo 10 – Detecção dos Principais Mecanismos de Resistência Bacteriana aos Antimicrobianos pelo Laboratório de Microbiologia Clínica

A descoberta da penicilina, em 1928, por Alexander Fleming, deu origem à Era dos Antimicrobianos. Os anos que se seguiram trouxeram uma euforia generalizada à comunidade científica e médica, perfeitamente justificável, já que houve a descoberta de um número expressivo de novas moléculas com aplicabilidade clínica, fossem elas naturais, semissintéticas ou totalmente sintéticas. De fato, o cenário era tão otimista que pouca atenção foi dada aos primeiros relatos de resistência bacteriana à penicilina e de disseminação, por via horizontal, dessa característica de resistência entre bactérias distintas. De acordo com Charles Darwin, a premissa básica da evolução é a adaptação, o que, a propósito, as bactérias fazem com maestria. Basta um olhar retrospectivo para os quase 80 anos de uso clínico de antimicrobianos para perceber que as bactérias desenvolveram mecanismos de resistência a virtualmente todos esses compostos, variando apenas o tempo necessário para o aparecimento dos fenótipos de resistência. Esse processo evolutivo culminou no cenário atual, onde coexistimos com bactérias multirresistentes, para as quais opções terapêuticas podem ser escassas ou até mesmo inexistentes. De fato, enfrentamos hoje uma situação peculiar e preocupante no que diz respeito a infecções por bactérias multirresistentes. De acordo com o macroeconomista britânico Jim O´Neill, caso o panorama atual não sofra alterações consideráveis, infecções por bactérias multirresistentes serão a principal causa de morte no mundo, sendo que, em 2050, 10 milhões de pessoas morrerão anualmente em decorrência dessas infecções, as quais matarão mais que câncer, diabetes e acidentes de trânsito, por exemplo.

Organização Mundial da Saúde (OMS) e o “Centers for Disease Control and Prevention” (CDC) norte-americano reconhecem alguns microrganismos como mais relevantes no contexto da multirresistência aos antimicrobianos. Bacilos Gram-negativos resistentes aos carbapenêmicos e Neisseria gonorrhoeae resistentes às fluoroquinolonas e às cefalosporinas de terceira geração são apenas alguns desses exemplos (que serão discutidos no Capítulo 3 deste módulo) e demonstram que a problemática da resistência bacteriana engloba não somente infecções classicamente relacionadas à assistência à saúde, mas, também, a infecções comunitárias. A ocorrência e emergência de bacilos Gram-negativos multirresistentes tem se revelado um importante desafio para os serviços de saúde exigindo um grande esforço de gestores e profissionais de saúde de todas as especialidades na busca de medidas inovadoras e eficazes de prevenção e controle desses microrganismos. No Brasil, de acordo com dados do Boletim de Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde n° 20 (Avaliação dos indicadores nacionais das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) e Resistência microbiana do ano de 2018), Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter spp. e Pseudomonas aeruginosa estão entre os principais microrganismos causadores de infecções primárias de corrente sanguínea relacionadas à infecção de cateter venoso central confirmadas laboratorialmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) adulto. Corroborando com o panorama mundial, em nosso país, a resistência aos carbapenêmicos é o principal desafio entre esses microrganismos, sendo que aproximadamente 79%, 44,30% e 41,40% dos Acinetobacter spp., K. pneumoniae e P. aeruginosa foram resistentes aos carbapenêmicos, respectivamente, conforme dados do Boletim citado acima.

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Fonte: Anvisa

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